SEIS SEMANAS DE MARÉ NEGRA NO GOLFO DE MÉXICO
Uma das piores tragédias ambientais envolvendo petróleo na história, o vazamento da plataforma controlada pela BP (British Petroleum) no golfo do México chegou ao 50° dia ainda sem solução e com um saldo ainda incalculável dos estragos causados à natureza. Essa plataforma explodiu em 22 de abril, matando 11 pessoas e iniciando o desastre.
DESTRUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS 170 milhões de litros de petróleo derramados no Golfo do México
Jörg Feddern, biólogo da organização de proteção ambiental Greenpeace, explica que as primeiras vítimas da catástrofe são as aves. "Ao entrarem em contato com o petróleo, elas morrem em grande parte, pois as penas colam e os pássaros se envenenam ao limpá-las com o bico." Além disso, o óleo também destrói sargaços e mangues.
As regiões costeiras são extremamente difíceis de limpar, complementa Feddern. "Os rios são extremamente ramificados, e há ainda a vegetação, juncais e mangues... É impossível eliminar esse óleo, a não ser por processos naturais de decomposição. E isso pode durar anos, se não décadas", constata o biólogo.
Outro problema surge com a decomposição do óleo por meio de bactérias subaquáticas. Esse processo reduz drasticamente o teor de oxigênio da água. "Para os organismos que precisam de oxigênio, como peixes ou microorganismos, isso é um enorme problema. Muitos cientistas temem que se formem zonas sem oxigênio, 'zonas da morte', mas nem isso é certo", diz o biólogo do Greenpeace especializado em catástrofes de petróleo.
POLUIÇÃO SUBMARINA
Cientistas afirmaram que grandes faixas de petróleo não se integraram à maré negra que cobre a superfície de parte do golfo do México e se mantêm circulando no fundo do mar, uma situação que pode ser devastadora para o ecossistema submarino da região."Amostras de água retiradas da região e analisadas por especialistas mostraram extensas faixas de petróleo em profundidades entre 50 e 1.400 metros", disse à AFP o oceanógrafo Yonggang Liu, da Universidade do Sul da Flórida (USF, na sigla em inglês).
"Esse petróleo em águas profundas é invisível para os satélites", disse Liu, da Escola de Ciências Marinhas da USF, que integra uma equipe de especialistas de várias entidades especializadas que acompanham a circulação do vazamento na superfície e debaixo d'água.
PIORES MARÉS NEGRAS DO MUNDO
• 1991
Durante a I Guerra do Golfo, o regime do presidente iraquiano Saddam Hussein ordenou que os petroleiros derramassem deliberadamente 2,3 mil milhões de litros de petróleo para impedir a invasão militar dos Estados Unidos.
• 1991
Durante nove meses, 636 milhões de petróleo foram derramados na Baía de Campeche, na costa do México, na sequência da explosão de um poço petrolífero.
• 1979
Depois de um petroleiro grego ter colidido com outro navio de grandes dimensões ao largo da costa de Trinidade foram derramados cerca de 409 milhões de litros de petróleo no mar da região.
• 1983
No Golfo Pérsico, um petroleiro colidiu com uma plataforma petrolífera e durante vários meses o mar foi poluido com mais de 363 milhões de litros de petróleo.
• 1989
Neste ano aconteceu o pior derrame de petróleo da história dos Estados Unidos. A Baía de Príncipe William, no Alasca, foi o palco da maré negra provocada pelo derrame de cerca de 500 milhões de litros de petróleo. A catástrofe ambiental ficou conhecido como o "desastre Exxon Valdez", nome do petroleiro americano que encalhou no recife de Bligh.
(video do desastre)http://www.youtube.com/watch?v=OP9ktucmjuc&NR=1